segunda-feira, 8 de junho de 2009

Gartner afirma que Brasil é bom destino para outsourcing

por Vitor Cavalcanti

05/06/2009
Contrariando ranking divulgado no início da semana, consultoria ressalta qualidades e diz onde País precisa melhorar

O Brasil pode se tornar um grande player no mercado de outsourcing global. Essa afirmação é repetida por diversos empresários brasileiros e alguns estudos internacionais revelam que o País pode aproveitar oportunidades - como a atual crise financeira - para ganhar espaço como destino de terceirização. Um intrigante ranking divulgado nesta semana, pelos autores do livro Black Book of Outsourcing, no entanto, apontou o Rio de Janeiro como uma das cidades mais perigosas para se fazer outsourcing no mundo. Para o Gartner, entretanto, a situação não é bem esta.

O vice-presidente de pesquisa da empresa, Ian Marriot, em entrevista exclusiva ao IT Web, afirmou que a validade deste relatório foi muito discutida. O executivo sinalizou discordar do resultado e explicou: "se você for a Mumbai, você poderá considerar um dos locais mais perigosos ou mesmo Moscou. As organizações devem olhar o pacote completo. Se você visita uma cidade ou país que nunca conheceu, deve ficar cauteloso. Não acho que São Paulo ou Rio de Janeiro sejam mais perigosas que outras cidades no mundo."

Na visão de Marriot, ao escolher o Brasil ou qualquer outro país como provedor, a companhia deve observar capacidades, clima, se está suscetível a desastres naturais, risco de terrorismo e outros problemas civis.

Brasil na ponta

De forma geral, Marriot acredita no potencial das companhias brasileiras, dizendo que algumas até podem vir a competir com empresas indianas, embora esse não devesse ser o foco. Ele explicou que, ao avaliar um país, eles colocam a situação em dez categorias, entre elas língua (não apenas inglês), suporte para indústria, infraestrutura, infraestrutura de transporte, sistemas educacional, ambientes político e econômico, além de aspectos culturais e segurança.

"Quando olhamos para o Brasil e comparamos com outros países, há categorias em que o País se destaca muito. Ambiente político e econômico e compatibilidade cultura, por exemplo, vai melhor que a Índia e outros países", destacou Marriot, que, em julho, participará da Conferência Anual de Outsourcing do Gartner, em São Paulo. "O Brasil é um bom lugar. O momento tem mostrado que é uma das melhores localidades da América. É uma opção a lugares como México e Índia.Vejo boas perspectivas para o futuro", acrescentou.

O executivo alertou, entretanto, que há pontos como sistema de educação e aspectos de proteção à propriedade intelectual que precisam ser mais bem trabalhados. "Mas o País é forte e realmente competitivo quando você compara com outros países que também oferecem serviços de offshore."

Marriot disse também que neste trajeto o Brasil deve aproveitar a expertise em algumas áreas como desenvolvimento de softwares, não baseado apenas em plataformas open source, e prestação de serviços na área financeira, mas não entendendo isso como especialização.

Esquecer a Índia

Sobre a Índia, e ele adiciona também a China neste pacote, ele acha muito complicado o Brasil querer competir, especialmente quando se fala em escala de serviço. "Há custo e disponibilidade de provedores de serviços. A Índia tem esse tipo de vantagem", afirmou. Ele acrescentou ainda que o País tem grandes vantagens competitivas em relação a outros países da América Latina, principalmente, e nações que estão despontando na região Ásia-Pacífico.


Att.
Edney Marcel Imme