terça-feira, 30 de junho de 2009

Crise é o momento de investir, diz executivo da SAP

São Paulo - Bill McDermott, presidente de operações globais da empresa alemã, diz que é preciso 'usar a crise e arrumar a casa'.

Por Fabiana Monte, editora-assistente do COMPUTERWORLD

Em meio à crise econômica, a melhor estratégia é investir em consolidação e racionalização de recursos. Esta é a opinião de Bill McDermott, presidente de operações globais e membro do comitê executivo da SAP, que esteve no Brasil em visita a clientes e representantes da ASUG (grupo de usuários SAP para a América), na última semana.

Para o executivo, momentos de instabilidade financeira trazem à tona com mais força a cobrança por redução de custos. E a melhor forma de fazer isso, pondera, é consolidar e racionalizar o uso da tecnologia já em uso.

Pelos cálculos de McDermott, consolidar diversas soluções de ERP em um único produto gera um corte de custos da ordem de 50%. E essa economia pode ser revertida e usada em inovação pelas empresas. "As pessoas estão compreendendo que não podem apenas cortar custos para sobreviver. É preciso inovar", avalia.

A análise é de um executivo que começou a trabalhar na SAP em 2002 e, cinco anos depois, passou a acumular os cargos de presidente e CEO para Américas e Ásia-Pacífico/Japão. Desde 2008, McDermott é o presidente de operações globais da companhia alemã.

Sua visão é de que a crise financeira é a hora certa para as empresas olharem para seus processos e sua infraestrutura, identificando o que existe de redundante e de desperdício.  "As empresas que apenas cortarem custos vão falhar", orienta.

O executivo se diz mais otimista em relação aos rumos da economia global a partir do segundo semestre do ano e de 2010, com o mercado de capitais voltando a ganhar força e a liquidez retornando a economias de todo o mundo.

Em relação ao Brasil, McDermott concorda que o País está no foco das atenções de qualquer empresa que tenha operações na América Latina. Em 2008, o faturamento nacional da SAP cresceu 11,4%. "Era óbvio para mim que o Brasil figurava como um dos país mais emergentes do mundo. Mas ele já emergiu. Temos aqui uma grande base de clientes que pensam de forma global", avalia, referindo-se aos 1,9 mil usuários que a companhia tem no País.

Apesar do avanço, a empresa alemã tem de enfrentar o crescimento da brasileira Totvs, que, com a compra da Datasul, detém 39% do mercado de sistemas de gestão no Brasil, de acordo com pesquisa da Fundação Getulio Vargas. A SAP ocupa a segunda posição, com 23%.

McDermott afirma que a diferença entre a oferta da SAP e a da Totvs está na capacidade de atuação global - incluindo adaptações da plataforma em relação a idioma, moeda local e peculiaridades regulatórias de cada país. "Estou confiante de que permanecemos como a número 1. Temos 86 mil clientes em todo o mundo", calcula.

Apesar de citar números da operação global, McDermott garante que, ao defender sua solução, não está pensando sobre estatísticas e a respeito do crescimento da SAP, mas sobre o desenvolvimento dos clientes da companhia. Para ilustrar, ele conta que, durante os encontros com participantes do ASUG no Brasil, discutiu assuntos variados, como consolidação, Business Intelligence, cloud computing, retenção de clientes e expansão de negócios.

Com base na gama de assuntos tratatos nas conversas, ele reforça que somente uma plataforma global é capaz de atender a todos esses aspectos que hoje estão no foco dos clientes. "A Totvs não poderia sequer ter uma das conversas que eu tive", ataca.

E a aposta de McDermott é que a SAP vai experimentar crescimento cada vez maior no Brasil entre pequenas e médias empresas. "Como você pode fazer negócios se não tem uma plataforma que é fácil em relação a idioma e moeda?", exemplifica.