quinta-feira, 9 de julho de 2009

A sutil diferença entre desafio e desacato

A sutil diferença entre desafio e desacato

Liderar é um misto de conhecimento, técnica, habilidade e bom senso. Ciência e arte. Alguns manejam muito bem essa habilidade a maioria, porém, deixa a desejar. Quem realmente sabe ser líder colhe os resultados positivos dessa competência: uma equipe de trabalho comprometida, direcionada e de alto desempenho.



É muito visível a relação equipe/desempenho. Equipes de primeira = resultados de primeira. Equipes medíocres = resultados medíocres. Alguns líderes querem uma equipe de primeira para ter resultados de primeira, mas a qualidade de sua liderança é de segunda. A equação não fecha. Liderança ruim não forma equipes boas. Tem gente que até procura compensar sua baixa competência contratando colaboradores de alta competência. O resultado é quase sempre o mesmo: o bom colaborador regredirá, baixando seu nível de desempenho, ou irá embora, em busca de um ambiente de trabalho onde seus talentos poderão ser mais bem aproveitados.



Embora existam conhecimentos, técnicas e habilidades que ajudam a formar um bom líder, o ponto-chave está na maneira como esse líder enxerga os seus colaboradores. É o que faz toda a diferença. Confira estes dois exemplos:



1) O líder vê seus colaboradores como "fornecedores internos", ou seja, sempre devedores de trabalho na forma de relatórios, informações, produtividade, criatividade, desempenho e resultados.



2) O líder vê os seus colaboradores como "clientes internos", de maneira que ele é o fornecedor principal: de informações, de conhecimentos, de valorização e reconhecimento.



Em tese, a diferença entre o primeiro e o segundo exemplo pode parecer muito pequena e sutil, embora na prática seja imensa e de peso. Na verdade, são até antagônicos.



Se o líder se enxerga como um "fornecedor interno" para seus colaboradores, sua atitude é a de estabelecer desafios para que sua equipe vá em busca de conhecimentos, informações e habilitações para melhor desempenhar o seu trabalho. Todos se sentem desafiados, estimulados e aceitam o líder como um parceiro apoiador e contributivo.



Se achar, porém, que seu papel é o de "cliente interno", ele alimenta uma expectativa sempre além do desempenho. A seus olhos, o trabalho nunca atinge o padrão de qualidade esperado, da mesma forma que os resultados ficam sempre abaixo do esperado. Os erros tornam-se freqüentes. Não existe nenhum desafio estimulante, como na outra situação. O que predomina é o desacato: o líder só fica cobrando e os subordinados tentam, em vão, acertar. A relação não é de parceria, é de cobrança. Uma tremenda e cruel geradora de desafetos.



Preste muita atenção para não transformar sua boa intenção de lançar desafios em uma constante atitude de desacato. Às vezes, você pode não estar percebendo a diferença. É fundamental acertar o passo, porque as pessoas anseiam por desafios, mas odeiam ser desacatadas.

Roberto Adami Tranjan é educador e diretor da Cempre - Educação nos Negócios
www.cempre.net

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