sábado, 16 de maio de 2009

Segundo dados do IBGE, 57% da população economicamente ativa não tem o ensino fundamental

Segundo dados do IBGE, 57% da população economicamente ativa não tem o ensino fundamental

 

O baixo nível de escolaridade mostra a face obscura da mão-de-obra catarinense. Mais de 1,5 milhão pessoas aptas a trabalhar no Estado ainda não completaram o ensino fundamental, o antigo primeiro grau. Esse pessoal representa 57% da população economicamente ativa (PEA), que segundo a Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílio, realizada pelo IBGE em 1999, totaliza 2,6 milhões.
O déficit educacional é perceptível independentemente de estatísticas. Basta visitar qualquer empresa de pequeno, médio ou grande porte para se ter uma vaga idéia da dimensão do analfabetismo que impera no processo produtivo do Estado. Levantamento dos dois últimos anos, feito pela Fundação Catarinense de Educação na Empresa (Fece), mostra que 490 mil trabalhadores com carteira assinada não possuem o ensino fundamental e 736 mil não têm o ensino médio, o segundo grau. A maioria deles se concentra nas indústrias.
O problema é ainda maior para quem depende da informalidade para viver. Neste caso nem levantamento existe. Sabe-se apenas que para cada 2,5 empresas formais há três informais no Estado. "E todas estão na mais absoluta carência de informação", diz o presidente da Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Fampesc), Luiz Carlos Floriani.
Para colocar essa mão-de-obra no banco escolar não será fácil. A maioria foi demitida das grandes empresas ao longo da década de 90 devido à abertura do mercado. Segundo Floriani, quem vive no auto-emprego prefere se debruçar sobre o trabalho diário do que estudar. "A pessoa não se dá esse tempo. Dessa forma, fica ainda mais marginalizada, pois além de ser um analfabeto tradicional, é analfabeto tecnológico."
O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Osvaldo Douat, diz que a questão faz parte de uma problemática social muito mais complexa. "Não adianta escola, se a pessoa não tem acesso a saúde, por exemplo." Nessa linha de raciocínio segue o coordenador de formação da Escola Sindical Sul da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Derci Pasqualotto. O dirigente sindical diz que a ausência de política específica para a escolarização de adultos resultou na alarmante quantidade de trabalhadores sem formação básica no Estado e no País. Dados da CUT mostram que 15,5 milhões de mulheres e homens com mais de 15 anos de idade, a chamada população economicamente ativa, não sabem ler e escrever no Brasil. A média escolar brasileira é de apenas quatro anos, enquanto na Europa a população estuda pelos menos 11 anos.

 

 

Grandes empresas
investem em educação

Programas ajudam a melhorar a qualidade e ampliar o faturamento

Joinville - A mazela educacional é combatida em pelo menos 40 das 50 grandes empresas catarinenses, segundo o programa de educação do trabalho do Serviço Social da Indústria (Sesi). Os exemplos mostram que quem investe na formação de seus funcionários consegue melhorar a qualidade dos produtos e aumentar o faturamento.
A Buettner, empresa têxtil há mais de cem anos no mercado, começou há dois formar seus trabalhadores no ensino fundamental e médio. De lá para cá, já conseguiu reduzir o índice de má qualidade dos produtos que em 1998 era de 9,5%. Em 1999, baixou para 8% e no ano passado fechou em 6,4%.
O faturamento também teve bom desempenho. Três anos atrás a empresa faturou R$ 68 milhões; em 1999, subiu para R$ 99 milhões, e em 2000 para R$ 120 milhões. "Uma fatia desse quadro é resultado do investimento em capital humano. Foram R$ 300 mil só no ano passado", diz o gerente de recursos humanos da Buettner, Arysnaldo Carvalho.
A empresa já formou 62 empregados. O projeto Chão de Fábrica motivou mais 170 pessoas, que estão a caminho da formatura. Os funcionários estudam no horário do expediente. Segundo Carvalho, durante as 8 horas de trabalho cerca de 30 minutos são destinados a tirar dúvidas das matérias estudadas em casa. As disciplinas são divididas em módulos. Os interessados em voltar a estudar ou se alfabetizar pagam 50% do custo arcado pela empresa. Cada empregado desembolsa R$ 12,00.
Na Tigre, líder do mercado de tubos e conexões da América Latina, a formação escolar dos funcionários também se traduz em ganhos de qualidade e produtividade. A empresa não quis revelar números para comprovar a informação do assessor de Recursos Humanos da indústria, Francisco Carlos Moser. "Podemos afirmar que isso (aumento de qualidade e produtividade) efetivamente acontece, à medida que o colaborador passa a ter uma melhor compreensão de manuais, normas, instruções e orientação do coordenador", diz Moser. A primeira turma de funcionários da Tigre vai concluir o ensino médio em outubro.
Os empregados da Vanzin, líder do mercado de reposição de escapamentos, estão familiarizados com as aulas na empresa há seis anos. Ao todo já foram alfabetizados 110 funcionários e familiares. O programa, batizado de "CrerSer", tem parceria com a prefeitura de Xanxerê, onde fica a matriz da empresa. "Devido a esse trabalho já conseguimos a ISO 9001, que possibilita ampliar o nosso mercado", explica o assessor de comunicação e marketing da empresa, Auro Antônio Pinto. (Silvia Pinter)


Att.
Edney Marcel Imme

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