quinta-feira, 16 de julho de 2009

Os segredos das melhores

Fonte: http://computerworld.uol.com.br/carreira/2009/07/16/os-segredos-das-melhores/
Criar um bom ambiente de trabalho independe de dinheiro. Postura e
liderança são muito mais importantes do que benefícios. Saiba como
trabalha a elite dos recursos humanos no Brasil.


Qual o segredo das melhores empresas para se trabalhar? A resposta,
apesar de não ser simples, está inserida em um conjunto de ações
pequenas e simples. Mais importante do que oferecer benefícios, é dar
aos funcionários ferramentas adequadas para o seu desempenho. Ficar na
empresa até tarde? Claro, não há problema, mas a liderança se lembra
de agradecer a quem procura fazer o melhor? Enfim, para criar um bom
ambiente não é preciso pirotecnia, basta agir da maneira correta.


"A palavra-chave que nós usamos é confiança. É o principal fator
medido pela pesquisa [Melhores Empresas de TI e Telecom para
Trabalhar]", afirma o CEO do Great Place to Work Institute Brasil
(GPTW), Ruy Shiozawa. Para conquistá-la, as empresas presentes no
ranking respeitam seus funcionários, cumprem o que falam, possuem
regras e políticas claras e, principalmente, conseguem se comunicar de
forma efetiva. Afinal, de nada adianta fazer tudo corretamente se os
profissionais não são capazes de perceber o esforço.

> Confira ranking completo com as 60 melhores empresas


Desenvolver esse vínculo de confiança entre funcionários e empresa
traz uma vantagem competitiva muito grande para a companhia. Quando a
relação entre líder e liderados é boa, isso se reflete em todos os
processos e no relacionamento com os clientes, que percebem
nitidamente quando o ambiente é agradável. Os produtos, ou serviços,
ficam melhores, os vendedores se esforçam mais e têm menos dificuldade
para convencer os consumidores sobre os benefícios do que está sendo
oferecido. E tudo acaba influenciando, ainda, no que mais importa: o
lucro.

Por esse motivo, a crise econômica mundial parece ter dado um empurrão
nas empresas de Tecnologia da Informação e Telecomunicações na direção
das melhores práticas de recursos humanos. Segundo Shiozawa, este ano
a média geral dessas empresas no ranking do GPTW subiu mais de 5
pontos porcentuais, resultado que impressiona, uma vez que, no geral,
a evolução anual não passa de
1 ponto porcentual.


"É um investimento necessário, que muitas vezes não custa
absolutamente nada para as empresas", justifica o CEO do GPTW. Isso
acontece porque a maior parte das ações que melhoram o ambiente de
trabalho está relacionada à postura dos líderes. Mesmo quando se trata
de benefícios, o importante não é gastar mais para dar o melhor plano
de saúde ou de previdência privada. É mais eficiente ouvir e entender
o que os funcionários querem – o que, na maioria das vezes, não é
muito – do que investir em serviços sem importância para as pessoas,
por mais sofisticados que sejam.


Confira os cinco principais motivos que fazem de uma empresa um dos
melhores lugares para trabalhar em TI e Telecom no Brasil.

1- Comunicação
Antes de colocar em prática qualquer mudança de postura que possa
estar pensando, lembre do seguinte: tão importante quanto fazer a
coisa certa é ter certeza que os funcionários têm a percepção exata do
que está acontecendo. Criar um bom ambiente de trabalho depende,
integralmente, da comunicação entre a empresa e seus colaboradores.


A corporação pode ter uma regra de promoção clara e justa, mas se não
fala para o funcionário porque ele foi ou não foi promovido, sempre
haverá quem ache que não foi justo. Assumir o papel de líder e
comunicar de forma clara as decisões é de crucial importância, uma vez
que isso vai determinar a percepção dos funcionários em relação à
empresa.


"Nós nos deparamos muitas vezes, durante a pesquisa, com líderes que
costumam justificar o fato de não terem promovido determinado
funcionário dizendo para ele que a direção barrou ou que faltaram
recursos". Neste caso, o líder não está cumprindo seu papel de
informar exatamente os motivos da decisão, exemplifica Shiozawa.


Esse tipo de comportamento acarreta em dois problemas: o funcionário
vai se sentir desmotivado e, pior, não vai poder trabalhar as
verdadeiras razões que impediram sua promoção. As pessoas podem até
não gostar de uma avaliação ruim, mas é pior quando o chefe se
esconde. "Isso acaba cultivando um ambiente que, uma hora ou outra,
vai explodir", observa.

2 - Credibilidade e imparcialidade
Como os funcionários enxergam a liderança? Nas melhores empresas para
trabalhar, os funcionários acreditam na capacidade e nas palavras dos
líderes e confiam nas suas decisões. Nessa hora, entram questões como
competência técnica, integridade, justiça e capacidade de fazer o
funcionário perceber essas qualidades.


Toda empresa tem em suas dependências quadros de aviso que informam
Missão, Visão e Valores. Mas se no cotidiano profissional os
funcionários acabam presenciando situações que vão contra o que está
escrito, a liderança perde credibilidade. "Vamos supor que uma
companhia tenha como missão agradar os clientes em primeiro lugar. Se
toda vez que um consumidor telefona o chefe fala: 'lá vem aquele chato
de novo', com o tempo, a credibilidade vai se perdendo", pondera.


Também é importante o inverso: a confiança que o gestor demonstra em
relação ao trabalho do funcionário. O profissional que tem autonomia
para trabalhar vai se sentir valorizado e passar a acreditar mais no
trabalho do chefe.


Sobre imparcialidade, a empresa precisa transmitir para o funcionário
que seu desenvolvimento não depende de politicagem, mas sim de regras
pré-estabelecidas e que sejam de conhecimento de todos.

3 - Respeito
Para gostar da empresa na qual trabalha, o funcionário precisa saber
exatamente como a liderança o enxerga. Pequenos gestos, como um
agradecimento por ter ficado até mais tarde no escritório, ou uma
demonstração de preocupação com a vida social das pessoas – que pode
vir na forma de incentivos à prática de atividades fora do trabalho –
fazem toda a diferença.


Geralmente, todo funcionário passa por momentos de pico de atividades,
seja no fechamento do mês ou na conclusão de um projeto, quando existe
a necessidade de trabalhar por mais tempo. Mas a empresa que se
preocupa em saber se o colaborador está comprometendo sua vida social
para cumprir com a demanda do trabalho ganha pontos positivos na
avaliação da equipe.


Respeitar o funcionário também significa oferecer a ele condições de
trabalho, dando ferramentas adequadas para as tarefas a serem
cumpridas e um ambiente propício.


"Os líderes precisam se preocupar em ver o funcionário como pessoa, e
não apenas como um número de matrícula. Ninguém passa pela catraca e
deixa de ser o que é", afirma a consultora do GPTW Roberta Hummel. Não
é uma questão de ser "bonzinho" ou tomar atitudes paternalistas, mas
sim de entender o perfil e a necessidade das pessoas que trabalham na
empresa.


A companhia procura envolver os funcionários nas decisões que os
afetam? Existe um ambiente propício para inovação, ou se alguém tenta
fazer algo diferente e comete um erro será execrado? Essas são
questões que, nas melhores empresas para trabalhar, são respondidas de
forma afirmativa.

Na base, a confiança
As três dimensões mencionadas – credibilidade, imparcialidade e
respeito – não funcionam de forma independente. Elas estão
interligadas e precisam ser trabalhadas em conjunto. Afinal, se o
funcionário não acredita no que o chefe diz, suas decisões são tomadas
como injustas e o profissional se sente desvalorizado e desrespeitado.
Estas dimensões geram a tão buscada confiança nos funcionários. Por
esse motivo são as mais importantes.


Mas ainda existem outros dois componentes cruciais que fazem das
empresas um bom lugar para trabalhar: orgulho e camaradagem. De certa
forma, essas características são uma consequência da confiança, mas
também precisam ser trabalhadas.


4 - Orgulho
São três tipos de orgulho: do trabalho, da equipe e da empresa. Os
dois primeiros estão ligados à relação de confiança. Se a liderança
não envolve o funcionário nas decisões e não ouve suas ideias, é muito
difícil ter orgulho do que faz. O terceiro caso envolve a marca da
empresa, o produto e o que
ela retorna para a sociedade, incluindo os trabalhos sociais e
ambientais desenvolvidos.

5 - Camaradagem
As melhores práticas tratam da relação entre os funcionários de uma
mesma empresa e, também, destes com suas lideranças. Afinal, se o
profissional não tem confiança em seu chefe, acaba achando que será
desrespeitado e que as promoções e bonificações são injustas. Como
resultado, ele não vai se esforçar para ajudar algum colega, que pode
considerar privilegiado. "Uma equipe não vai funcionar de forma coesa
caso a liderança incentive competições negativas. Se as expectativas
não estão claras para todos e não há uma boa comunicação, ninguém vai
acreditar que absolutamente todos na empresa estão caminhando na mesma
direção", diz Roberta.

Pequenas iniciativas, grandes resultados

Benefícios
Ao contrário do que se imagina, as melhores empresas para se trabalhar
não são, necessariamente, campeãs também na concessão de benefícios
aos funcionários. O segredo é entregar aos profissionais o que eles
realmente querem ou precisam. Por exemplo, para uma empresa com muitos
funcionários jovens, planos de previdência não serão muito
valorizados.

Práticas e políticas
No início, Robert Levering, criador do GPTW, pensou em mapear as
práticas mais utilizadas para determinar quais eram as melhores
empresas para se trabalhar. "Não adianta ter os maiores benefícios, se
elas não fazem sentido para as pessoas. Não adianta ter a melhor
política de carreira, se ela não é aplicada de forma justa. O papel da
liderança é mais importante do que qualquer prática ou política. Cada
empresa tem as suas e as aplica de forma diferente, mas sempre de
forma específica para o seu público", explica a consultora.


Tentar adotar determinada prática de outra empresa só porque ela está
no ranking do GPTW não é uma atitude que vai gerar bons resultados.
"O problema é a falta de adequação à cultura da companhia e de uma
política consistente e maior. A prática é importante, mas a forma como
ela é aplicada é que faz a diferença", afirma Roberta.

Recrutamento
Talvez a prática mais importante de todas. Para ter um bom ambiente é
preciso ganhar a confiança do funcionário. Isso depende de regras
claras, respeito, imparcialidade e uma boa comunicação. Mas se o
perfil e os valores dos funcionários forem diferentes do perfil e dos
valores da empresa, o casamento nunca vai dar certo. Saber quem está
contratando e se certificar que a pessoa tem o perfil adequado para a
companhia é o início de tudo. Afinal, conhecimento técnico, na pior
das hipóteses, pode ser ensinado.

Por esse motivo, cada vez mais as empresas buscam diversificar o
processo seletivo e incentivar a indicação de amigos entre os próprios
funcionários. A Chemtech, por exemplo, costuma levar os candidatos a
eventos sociais, como shows e jogos de futebol, para conhecer o
comportamento da pessoa fora do ambiente de trabalho.


Att.
Edney Marcel Imme

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